Seminarista: quem é e o que faz?

Escrito em 14/09/2019

Não são raras as vezes em que surgem as seguintes dúvidas: Quem é o seminarista? O que ele faz?

Muitos não conhecem a trajetória de um homem para chegar ao sacerdócio, e quando a descobrem, admiram-se pelo tempo de formação quando seminarista. Para uma melhor compreensão e uma resposta satisfatória, voltemos um pouco na história da Igreja e nas reflexões elaboradas pelos recentes Papas.



Foi a partir do Concílio de Trento (1563) que realmente foram criados os seminários nas dioceses, voltados para a formação da razão e da fé do futuro presbítero da Igreja. Antes disso, o homem que desejasse ser padre, logo recebia as ordens sacras, ajudando seu bispo local. Percebe-se, então, a contribuição desse concílio e mais, especificamente, a sua aplicação na vida de São Carlos Borromeu que, fundou seminários e escreveu regulamentos. Posteriormente, o Concílio Vaticano II e o Código de Direito Canônico elaboraram melhor sobre como deve ser a formação do clero. Atualmente, existem vários documentos que tratam do assunto, como o Decreto Optatam Totius, Pastores Dabo Vobis, Documento 93 da CNBB entre outros.

 

Missão na Igreja

Seminarista é aquele que recebeu um chamado de amor de Deus e, na liberdade, responde a Ele. O Papa emérito Bento XVI, no encontro com os seminaristas nos EUA, em 2008, diz que seminaristas são “jovens que se encontram num tempo forte de busca de um relacionamento pessoal com Cristo, um encontro com Ele, na perspectiva de uma importante missão na Igreja”.

Nas residências, geralmente seminários que podem ser o Menor ou Maior, os seminaristas recebem formação que convergem para a unidade da pessoa. Viver no seminário é estar neste tempo da descoberta de Cristo. É tempo de acolhimento e amadurecimento do dom recebido da iniciativa de Deus e não por méritos da pessoa. Tempo importante de relacionar-se com Deus, que se expressa de forma significativa na oração para um correto discernimento.

A idade, a retidão dos candidato, a idoneidade espiritual, moral e intelectual, a saúde física e psíquica, são critérios examinados pela Igreja na aprovação daqueles que desejam ingressar no seminário. (Optatam Totius, 6).

 

Quatro pontos importantes aos futuros sacerdotes

De forma simples e direta, o Papa emérito Bento XVI, na carta aos seminaristas, em 2010, ressalta alguns pontos para os futuros sacerdotes:

1- O seminarista deve ser um homem de Deus (1Tm 6,11). Jesus deve ser o ponto de referência de toda a sua vida;

2- Os sacramentos, deve-se celebrar com íntima participação da Eucaristia. A penitência leva à humildade, e deixando-se perdoar, aprende-se a perdoar os outros. Também o Papa pede para não excluir piedade popular, porque, por meio dela, a fé entrou no coração dos homens;

3- Estudar com empenho, porque a fé possui uma dimensão racional e intelectual. É importante conhecer, a fundo e integralmente, a Sagrada Escritura. Amar o estudo da teologia;

4- Ser exemplo de homem maduro.

A formação humana, espiritual, intelectual e pastoral deve ser bem trabalhada pela equipe formativa dos seminários, mas o seminarista deve ser o primeiro interessado por ela.

 

Formação

O tempo de formação do seminarista pode variar de acordo com o carisma e o local de formação escolhidos. Caso queira saber mais sobre a formação nos Oblatos de Maria Imaculada, entre em contato conosco através do link https://omi.org.br/seja-um-omi

 

Papa Francisco

O Bispo de Roma, como sempre, trabalha toda sua reflexão em três pontos. Em 2014, ele disse que o seminarista deve ser fraterno, orante e missionário. Identificam-se com os mesmos princípios da Canção Nova. A fraternidade é parte integrante do chamado, não se pode viver individualmente. A oração deve ser um convite ao Espírito Santo, como no Cenáculo, pois d’Ele depende a construção da Igreja, o guia dos discípulos e o dom da caridade pastoral. A missão deve torná-los discípulos humildes capazes de preferência pelas pessoas marginalizadas, aquelas das periferias. Levar as pessoas a acolherem a ternura de Cristo.

O seminarista não é um “solteirão“, mas um homem comprometido com o Senhor e Sua Igreja. Não está preparando-se para receber uma profissão, mas para configurar-se à imagem de Cristo, o Bom Pastor. Por fim, é preciso ter disposição, caso contrário é preciso buscar outra via para a santidade, pois a formação será permanente. É difícil a vida clerical, mas é bela. Quando levada com seriedade, ela é admirável!

Adaptado de Ricardo Cordeiro, CN