“O Papel das Necessidades e Valores na Motivação Vocacional”

Escrito em 11/05/2021
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Iremos nesse trabalho ter como ponto de partida o papel das necessidades e valores na motivação vocacional; onde deixaremos claro a diferença entre valores e necessidades para um bom discernimento e amadurecimento no caminhar vocacional. Buscando com reta intenção e clareza de motivação na escolha vocacional de total consagração ao Ministério Ordenado, À Vida Consagrada e ao especial discernimento do carisma congregacional. É preciso usar de transparência para com o jovem vocacionado, levando-o a um processo de descoberta e de disponibilidade a responder com generosidade à sua vocação e atender às necessidades concretas das comunidades nas quais irão servir; sem perder de vista os valores e as necessidades que trazem consigo, e os que serão descobertos na constante caminhada vocacional.

Vamos distinguir o que são valores e necessidades, pois são diferentes esferas para a motivação vocacional do jovem que se sente impelido e motivado internamente por valores que são expressados  e apontam para o dinamismo da vida, da vocação, da missão de Jesus e dos seus seguidores. Trata-se de um processo no qual os vocacionados vão crescendo na fé e na conseqüente adesão à pessoa de Jesus. Neste processo de amadurecimento da fé e discernimento vocacional, eles poderão fazer obras ainda maiores que as realizadas pelo Mestre. Essas motivações são frutos dos valores, não das necessidades. Vejamos o que nos esclarece Cencini e Manenti sobre valores e necessidades:

“os valores são ideais duradouros e abstratos que se referem tanto à conduta atual como ao objetivo final da existência. Enquanto ideais duradouros, diferenciam-se dos simples interesses. Uma coisa é dizer a alguém “você para mim é interessante”, outra dizer-lhe “para mim, você tem valor”. O interesse é mais passageiro, contingente e, sobretudo, menos carregado de importância afetiva. Os interesses assemelham-se mais às atitudes, porquanto representam uma atitude favorável ou desfavorável para com certos objetos (arte, dinheiro etc.) ou certas atividades (profissão, hobby etc.)”. [1]

Não podemos esquecer que os valores estão, ou deveriam esta na raiz familiar do vocacionado, ou seja, nas figuras dos pais, como também os irmãos e irmãs e outros membros do núcleo familiar, que assumem um papel preponderante na compreensão e condução do jovem em direção ao seminário. Mesmo no caso de pais e familiares indiferentes ou contrários à opção vocacional, o confronto claro e sereno com as suas posições e os estímulos que daí derivam e podem constituir uma preciosa ajuda, para que a vocação sacerdotal e religiosa amadureça de modo consciente e decidido.

A família, portanto, deve ser um elemento-chave na decisão de entrar numa família religiosa. É visível que a família, por sua vez, é considerada o primeiro sujeito aos valores, até porque, são figuras de referência, responsável pela tarefa de educar, conscientizar e internalizar os valores éticos, cristãos e morais. A família continua sendo o berço da vida, ninho de vocações para a Igreja. Mesmo sabendo que é um dos grandes desafios, pois o aumento da degradação familiar, abalando, desse modo, o lado afetivo e emocional dos vocacionados. Por isso, a urgente necessidade de potencializar os valores que cada vocacionado traz consigo.

Em seqüência não podemos perder de vista a importância da Pastoral Vocacional, onde será uma extensão da conscientização dos valores na motivação vocacional. Sua missão é simplesmente cuidar das vocações e ajudar no discernimento que favoreça a comunhão e a promoção da vida. Cuidar como uma atitude interna e permanente de atenção, de vigilância e de escuta. A Pastoral Vocacional deve ter clareza do seu compromisso eclesial permanente com a sua Diocese, Congregação, Institutos ou Comunidades de Vidas. Essas motivações de valores devem levar os jovens a uma experiência de transcendência; diferente das necessidades que tem como ponto de partida o horizonte da imanência.

Pe. Kleber Farias, OMI
Coordenador Nacional do Serviço de Animação Vocacional

[1] CENCINI A. & MANENTI, A. Psicologia e Formação. Estrutura e Dinamismo. São Paulo, Paulinas, 1988. p 102.